Grandes Mestres

 

  Mestre Bimba: Manoel dos Reis Machado nasceu em Salvador, Bahia, a 23 de novembro de 1900, no bairro do Engenho Velho, freguesia de Brotas. Seu apelido ele ganhou logo que nasceu, segundo ele, em virtude de uma aposta feita entre sua mãe e a parteira. Sua mãe, dona Maria Martinha do Bonfim, dizia que daria luz a uma menina. A parteira afirmava que seria homem. Apostaram: perdeu dona Maria e o filho, Manoel, ganhou o apelido que lhe acompanharia pela vida inteira (Bimba é como se conhece na gíria da Bahia o órgão genital masculino). Era filho de Luís Cândido Machado, batuqueiro famoso do bairro (batuque - "a luta braba, com quedas, com a qual o sujeito jogava o outro no chão" - ver Dicionário).

         Começou a aprender capoeira com 12 anos de idade, na antiga Estrada das Boiadas, hoje bairro da Liberdade, em Salvador, com um africano chamado Bentinho, capitão da Cia. de Navegação Baiana.

   Mestre Pastinha: Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador a 5 de abril de 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, uma negra natural de Santo Amaro da Purificação, que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana.

           No prefácio do livro publicado em 1964, intitulado “Capoeira Angola”, de autoria de Pastinha, José Benito Colmenero afirma que Pastinha teve como mestre de capoeira um negro angolano chamado Benedito, que, ao ver o menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho, teria resolvido ensinar-lhe a Capoeira.

 Durante três anos, Pastinha teria passado tardes inteiras num velho sobrado da Rua do Tijolo, em Salvador, treinando a movimentação da arte: meia-lua, rasteira, rabo-de-arraia, etc. Ali teria aprendido a jogar com a vida e a ser um vencedor. Mas a maioria dos capoeiristas que o conheceram afirma que seu mestre foi Aberrê.

          Viveu uma infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs freqüentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava pipa e jogava Capoeira. Aos treze anos era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, seu pai, que não gostava da vadiagem do moleque, matriculou-o na Escola de Aprendizes Marinheiros. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da Capoeira.

          Aos 21 anos, voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura e exercer o ofício de pintor profissional. Suas horas de folga eram dedicadas à prática da Capoeira, cujos treinos eram feitos às escondidas, pois no início do século esta luta era crime previsto no Código Penal da República.

          Em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, no casarão n.º 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de Capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Mestre Pastinha, e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Mestre Pastinha.

          Aos 84 anos, muito debilitado fisicamente e quase cego, deixou a antiga sede da Academia para morar num quartinho velho do Pelourinho, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia; a única renda financeira que tinha era a dos acarajés que sua esposa vendia. Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, no abrigo D. Pedro II, em Salvador, numa sexta-feira, 13 de Novembro de 1981, vítima de uma parada cardíaca.

          Pequeno e notável em sua arte, Mestre Pastinha nos deixou seus ensinamentos de vida em muitas mensagens fortes e inesquecíveis como esta:

          "Ninguém pode mostrar tudo o que tem. As entregas e revelações tem que ser feitas aos poucos. Isso serve na Capoeira, na família e na vida. Há momentos que não podem ser divididos com ninguém e nestes momentos existem segredos que não podem ser contados a todas as pessoas."

          Pastinha foi “o primeiro capoeirista popular a analisar a capoeira como filosofia e a se preocupar com os aspectos éticos e educacionais de sua prática”[1]. Pastinha foi uma das figuras mais queridas de toda a Salvador, por sua extrema devoção à capoeira. Mesmo depois de idoso, jogava capoeira como um jovem exímio, executando sua movimentação com perfeição e agilidade.  De Mestre Pastinha, já disseram ser...
“o guardião da liberdade de criação,
da inocência dos componentes lúdicos,
da beleza da coreografia...
... o gênio que desvendou
em palavras simples e puras
os aspectos místicos da capoeira.
Será sempre simbolizado pela ‘Chamada’,
com que arrefecemos o calor da disputa
entre vontades que se contrapõem.
A Mão Amiga estendida para o Alto,
lembrando...
...Somos todos Irmãos à luz do MESTRE
A Paz entre os Capoeiristas de Boa Vontade."

 

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